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Mitos e verdades sobre o leite.

Especialista responde a dúvidas sobre o nosso primeiro alimento
Há quem ame beber copos e copos de leite. Há quem deteste e faça cara feia à simples menção da palavra leite. O fato é: todos precisamos dele já ao nascer. Mas e depois disso, quando a lactação ficou para trás e beber leite não é mais uma obrigação? Consumi-lo é mesmo essencial?
Os estudos científicos, já há algumas décadas, se dividem ao avaliar o leite.
Maior fonte de nutrientes nos primeiros meses de vida, símbolo de uma infância saudável e de uma velhice sadia, o alimento, durante muito tempo, foi considerado parceiro fundamental de uma dieta balanceada.
Nos últimos anos, entretanto, tanto os profissionais da saúde quanto o público em geral parecem não estar certos do papel que esse alimento tem na vida humana. Cercado de mitos, acusado de ser desnecessário e prejudicial em algumas situações, com denúncias de fraude envolvendo sua qualidade, o leite parece estar, constantemente, no “tribunal científico”.
As pesquisas seguem observando e revelando dados – e, para que o consumidor não se sinta perdido ao colocar ou moderar o leite na dieta diária, buscamos esclarecer algumas dúvidas do momento relacionadas ao leite. Danilo Hessel Sanches do Prado, nutricionista clínico do Hospital Sírio-Libanês, é quem traz mais informações sobre o alimento.
Existe uma “polêmica” sempre presente sobre se as pessoas, já adultas, devem ou não tomar leite. Alguns especialistas dizem que sim, dados os benefícios do alimento no combate à osteoporose, por exemplo; outros indicam que não é útil ao organismo. Qual a realidade sobre o leite? E, se devemos tomar, qual a quantidade recomendada?
Estudos mais atuais indicam que grande parte da população brasileira apresenta algum tipo de intolerância ao açúcar do leite (lactose). Isso ocorre pela redução na atividade da lactase, a enzima que digere esse açúcar e que se dá, na maioria das vezes, com o avanço da idade.
Como consequência, as pessoas que consomem leite e seus derivados apresentam sintomas como enjoo, inchaço abdominal e problemas digestivos.
Mas existem diversos graus de intolerância – e muitas pessoas, mesmo que apresentem esse quadro, podem seguir consumindo determinadas quantidades de lactose, seja do leite ou de seus derivados. Elas podem, inclusive, optar por consumir um leite com baixa lactose. O principal é garantir a ingestão e absorção corretas de cálcio em cada faixa etária. Falar de qual quantidade devemos tomar acaba sendo muito individual, pois devemos avaliar a alimentação do dia inteiro para definir uma quantidade mínima ou máxima para ingestão.
Sobre o leite “de caixa”: pode-se consumir o produto nessa embalagem? É preferível outro tipo?
A embalagem mais comum dos leites são as embalagens cartonadas. Atualmente alguns estudos apontam que elas são ricas em bisfenol, um composto químico que, quando absorvido pelo corpo, pode causar prejuízos como aumento de inflamação. Porém, é um pouco cedo dizer o tamanho do impacto que isso causa na saúde e no metabolismo. O melhor tipo seria a embalagem de vidro, pois já está comprovado que esse é o recipiente que mais protege o alimento de fatores ambientais e preserva os nutrientes.
Qual o tipo de leite que as crianças devem receber – leite semi-desnatado, desnatado, integral?
A criança de mais de 1 ano precisa tomar leite integral, que contém a gordura original do leite. Há vitaminas, como a A e D, que precisam da gordura. Crianças até 2 anos devem tomar leite que tem de conter pelo menos 3% de gordura.
O semidesnatado é o leite que contém parte da gordura natural do leite, numa proporção de 0,6% a 2,9%. Em situações especiais, pode ser dado a crianças de mais de 2 anos com problema de obesidade, seguindo orientação do pediatra.
Já o desnatado é aquele que pode ter, no máximo, 0,5% de gordura. Não é recomendado para crianças em nenhuma situação.
Alguns especialistas escrevem artigos defendendo que a caseína, presente no leite, é uma substância prejudicial ao corpo, potencialmente cancerígena. Do que se trata e como age a caseína?
A caseína é uma proteína muito rica em aminoácidos essenciais (aqueles que nosso organismo não produz e precisa ser adquirido pela alimentação ou suplementação) e é encontrada em abundância no leite de vaca. É uma proteína de lenta absorção.
Para algumas pessoas, a caseína pode causar um pouco mais de sensibilidade e gerar desconforto como gases, distensão abdominal e indigestão. Porém, poucos estudos apontam a caseína como um potente provedor de aumento de células cancerígenas. Devemos buscar mais estudos e mais fontes para poder tomar uma conduta nesse foco.
O leite pode ser consumido a qualquer hora do dia, em conjunto com quaisquer outros alimentos, ou ele interage de modo prejudicial com outros elementos?
O leite é um alimento rico em cálcio. Hoje sabemos que o cálcio reduz a biodisponibilidade de ferro no organismo. Isso significa que, quando consumimos alimentos ricos em cálcio junto com alimentos ricos em ferro, absorvemos mais cálcio e menos ferro. Então, é importante consumir o leite em horários diferentes de carnes, por exemplo, alimentos ricos em ferro. O ideal é consumir leite nos horários de café da manhã e lanches intermediários durante o dia, longe de almoço e jantar, por exemplo.
Que outros tipos de leite, além do mais comum, o leite de vaca, podem ou devem ser introduzidos na alimentação? Leite de soja ou de amêndoas, por exemplo, são considerados mais saudáveis?
Na verdade, para consideramos um alimento como leite, ele precisa sair de alguma glândula. As bebidas de soja, de amêndoas, de arroz são ótimas opções para vegetarianos que não consomem leite de vaca ou para pessoas que não consomem leite, pois tem um perfil nutricional rico em proteínas vegetais e oligominerais que nosso organismo precisa para o dia a dia.

Autora: Flávia Pegorin
Fonte: Coração e Vida

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