Ana Martinha da Silva.
Nascida em 24 de agosto de 1880, na Comunidade Barreiro,
município de Chapada dos Guimarães.Foi registrada, somente, aos 04 anos de
idade. Era filha de escravos, e em seus relatos, contou ter visto seus pais
serem libertados pela Lei Áurea. Teve (09) nove filhos.
Foi registrada no livro de recordes brasileiros como a mulher
mais velha do mundo, em 22 de dezembro de 2003, quando tinha 123 anos de
registro e 127 anos de vida. Tem importante expressão na história das mulheres
mato-grossenses, tendo em vista sua experiência e os muitos preconceitos e
dificuldades enfrentadas ao longo de sua jornada.
Conhecida como a mulher mais velha do Brasil, ela chegou a
entrar para o Guinness Book (Livro dos Recordes) como a mais velha do mundo. Os
documentos dela estavam no Reino Unido, onde eram analisados para inclusão no
Guinness Book.
Seu trabalho foi como cozinheira até os 103 anos, numa
fazenda de Várzea Grande, tendo ao longo de sua existência cozinhado, lavado e
passado para muitas famílias mato-grossenses.
Centenária, presenciou momentos importantes da história do
Brasil:
Em entrevista realizada em agosto de 2003, ocasião em que
comemorava seus 123 anos, citou, como fato marcante, o suicídio de Getúlio
Vargas (1882/1954). Ela foi o relato vivo da história dos negros e do
desenvolvimento circunscrito a alguns bairros de Cuiabá.
Com bom humor, ela descrevia cenas quando da notícia do fim
da escravidão. Assim, afirmava:- “Chegou um homem lá na fazenda, correndo para
todos os lados e noticiando a alforria (a lei Áureafoi assinada em maio de
1888). Nessa hora, os negros começaram a pular de alegria e os brancos a
chorar”.
Entre gargalhadas, dona Martinha completa: - “Nossa gente
estava alegre e eles tristes porque iam ter que trabalhar”.Mas a tristeza logo
estampa no rosto dela, ao se lembrar das atrocidades da escravidão, com a afirmação:
- “Minha filha, eles judiavam tanto dos escravos que você nem pode imaginar. Vi
muitos deles ser espancados e outros assassinados”.
Morando em uma casa simples no bairro Pedra 90 II, ela
passava a maior parte do tempo em uma rede, de onde ainda conseguia se levantar
sozinha. A idade também não a impedia dos cuidados pessoais, de se vestir e de
se alimentar, ainda com expressão lúcida de seu tempo e vida.A sua saúde
surpreendia médicos e familiares.
A filha, Benedita Silva, de 70, se dizia envergonhada diante
da capacidade da mãe de recordar fatos tão antigos. Dona Martinha se orgulhava,
por exemplo, de ter sido internada apenas duas vezes e por ocorrências banais.
Uma vez, conta, porque se machucou numa queda provocada por um cachorro. “Mas
passei só um dia no hospital”. Na outra, diz, que estava apenas com
umadisfunção intestinal.
Seu segredo de saúde, dizia: - “tomar uma colher de mel ao
dia, logo depois do desjejum, que pode ser um bife ou um pedaço de frango com
um punhado de farinha de mandioca”.
Faleceu no dia 27 de julho de 2004, aos 127 anos de idade. Em
sua homenagem, a obra foi confeccionada pela artista plástica Esterlita
Cecília Rodrigues. E se encontra na Praça do bairro Pedra 90 onde lhe foi dada o seu nome.
< >NOTA DA REDAÇÃO - O Jornal Rosa
Choque foi o primeiro a publicar a história de Ana Martinha da Silva, e em
seguida conseguiu que a Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais- BPW
Cuiabá abraçasse sua causa, a tornando pública para o Brasil, articulando com o
Guiness Brasil a sua certificação, e com o governo e outras instituições proporcionou
maior qualidade de vida para a anciã até a sua morte.
FONTES
Diário de Cuiabá. Informes. Autoria de Alecy Alves. Acesso em
29 jan. 2019. Ana Martinha comemora seus 123 anos. Disponível em: <http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=151020>.
Circuito Mato Grosso. Autoria Cátia Alves. Bairro luta contra
estigma da violência e anseia por melhorias. Acesso em 27 fev. 2019. Disponível
em: <http://circuitomt.com.br/editorias/cidades/127098-bairro-luta-contra-estigma-da-violencia-e-anseia-por-melhorias-.html>
Foto acervo pessoal de José Luiz Medeiros – Diário de Cuiabá.
Dados de Pesquisa levantados por Amini Haddad
Campos (Coordenadora do Evento 300 Mulheres – Letras, História e Equidade, em
conjunto com a sua Equipe de Gabinete: Ariane Ribeiro Lima, Isabela Curvo Mello
Carlini, Paulo Roberto Rocha da Silva Jr.), em iniciativa voluntária e em ação
não remunerada.
Cozinheira até os 103 anos, em uma fazenda na região de Várzea Grande, além de ter ao longo de sua vida, lavado e passado roupas para muita gente da sociedade. Ana Martinha tem vontade de viver, o que é exemplo de motivação para qualquer pessoa.
Dos velhos tempos de Cuiabá, ela relembra com nitidez as igrejas de palha e os momentos difíceis da Revolução de 32. Viu os carros substituindo as carroças. Lembra-se também da tristeza que sentiu quando soube da morte do ex-presidente Getúlio Vargas, data a qual tem servido de referência para contar os anos da morte de seu marido. "Quando o Getúlio Vargas morreu, fazia muito, mas muito tempo mesmo que ele já tinha morrido".
Mãe de nove filhos, mas apenas três estão vivos, todos nasceram de parto normal, com os precários recursos da roça, de quando morava em Várzea Grande, em Cuiabá. Quase todos os filhos vieram encarrilhados, criados com muito sacrifício, pois seu marido faleceu quando todos ainda eram crianças.
Morou com uma filha e o genro, alguns de seus filhos, netos, bisnetos e tataranetos foram embora sem deixar endereço. "Sinto saudade de meus filhos, tenho todos eles no coração", mencionava Ana Martinha.
Ela foi tratada com muito carinho pela vizinha e amiga Marli de Paula Ramos, a qual é considerada um anjo da guarda.